A ansiedade é algo que se fala muito hoje-em-dia. Toda gente está sempre ansiosa. Para mais com esta situação de pandemia, de incerteza que vivemos só veio a aumentar este estar na vida. Em Portugal vivemos o fenómeno dos calmantes esgotados. Tivemos meses que nas farmácias não havia os calmantes prescritos e, no desespero, comprar através da internet foi o recurso e solução de muitos de nós. Vivemos tempos difíceis…

Mas há algo alarmante a acontecer em Portugal. Segundo os dados da OCDE cerca de 9,6% da população portuguesa tomam diariamente ansiolíticos. Pertencemos ao país da Europa que mais ansiolíticos consome. Como pode ser possível?

Será que a população portuguesa é mais ansiosa que o resto da população europeia? Ou a perspetiva sobre a ansiedade é diferente em Portugal do que no resto da Europa?
Na verdade, está aqui porque de alguma forma quer saber se o que está a sentir pode ser categorizado como ANSIEDADE. Segundo o DSM-V existem uma série de sinais e sintomas corporais e emocionais que a ansiedade manifesta, tais como:
– Nervosismo constante
– Dificuldade de concentração
– Medo constante
– Insónia
– Náuseas e/ou vómitos
– Preocupação exagerada que não condiz com a realidade
– Pensamentos descontrolados
– Fadiga
– Falta de ar ou respiração ofegante
– Entre outros.
Para além disso, o DSM-V propõe 12 tipos de perturbações ansiedade diferentes. Entre eles temos a Perturbação de Pânico, sendo o mais comum que apresenta os seguintes sintomas:
– Sensação de morte
– Nervosismo e pânico incontroláveis
– Vertigens e tonturas
– Sensação de desmaio
– Respiração e batimentos cardíacos acelerados
– Problemas gastrointestinais
Decerto que alguma vez na sua vida sentiu estes sintomas, mas isso quer dizer que está doente? Existe uma visão predominante na nossa cultura: a ansiedade é uma doença. Muitas vezes ouvimos: “Eu sofro de ansiedade.”. Na verdade, a ansiedade é algo que faz parte da nossa existência, da nossa experiência de viver. É algo que pode ser reconhecido como uma fonte de informação que aponta o sujeito para uma situação de vida que necessita de ser olhada de forma mais profunda, para que, potencialmente, possa viver uma vida mais adaptada, satisfatória e autêntica.
Será que preciso de ajuda?

Sente que este sentir nervoso, ansioso está a comprometer a sua vida? A sua rotina? E, de alguma forma, quer tentar perceber porque se está a sentir dessa forma? Este é o primeiro passo para querer mudar esta forma de estar na sua vida, e construir outra(s) forma de estar e de viver, potencialmente, uma mais autêntica ou que lhe faça mais sentido. É através de uma caminhada a dois, na procura do autoconhecimento, da autenticidade e do significado das suas experiências que pode ajudar.
A perspetiva existencial oferece uma visão compreensiva sobre a ansiedade que pode ajudar a desvendar os porquês que estão a impedir uma vivência mais satisfatória com a vida. A ansiedade é nossa aliada no contexto terapêutico, é a que nos guia na jornada do acordar das “ilusões” para uma maior autenticidade.
Pode ser assustador, mas não faz o caminho sozinho(a). Procure um psicólogo ou psicoterapeuta de confiança e cuide de si.